Hoje a série especial sobre o Burning Man está voltada às questões práticas de quem vai participar do evento, ainda mais no caso dos “virgens” como eu! A intenção é dividir minha experiência e ajudar quem está pensando em ir 🙂

O mais difícil: os preparativos para o Burning Man
Preparar-se para ir pela primeira vez ao Burning Man deve ter sido a parte mais difícil de toda a minha jornada. Eu já tinha ido a um deserto, mas eram condições mais “normais”, então não sabia muito bem o que levar para acampar em um local em que a temperatura vai de 40 °C durante o dia a 0 °C à noite, além de ser lugar onde as pessoas se fantasiam e vestem o que querem. E quanta comida, quanta água, quanta bebida levar?
Dois amigos brasileiros já haviam ido e foram novamente comigo este ano, o que ajudou bastante. Fizemos reuniões em que eles explicaram a dinâmica do festival e indicaram o que levar e como fazer para tudo dar certo. Outra amiga, super organizada, assumiu algumas compras e, depois de passar na 25 de Março e pesquisar no site da Amazon, já tínhamos luzes que sempre temos que levar conosco, principalmente à noite, tutus para o tutu-Tuesday, óculos para enfrentar as tempestades de areia, lanternas (de mão e daquelas para fixar na cabeça) e fantasias diversas.
Brasil, São Francisco, Reno, Black Rock City

Encontrei parte do grupo em São Francisco, onde pegamos os carros alugados e fizemos as compras de comida e bebida. Não conseguimos comprar toda água e cerveja de que precisávamos em um único supermercado, o que deve dar a vocês uma ideia de como o evento movimenta a economia da região, então tivemos que parar em mais dois ou três mercados pelo caminho.
De São Francisco, partimos para Reno, onde passamos a noite. Na manhã seguinte, encontramos o restante do pessoal do acampamento para carregar um caminhão que levaria a estrutura da cozinha e do dome que montaríamos em Black Rock City.

Chegamos lá na tarde do sábado de 29 de agosto, mas só pudemos entrar em BRC à noite, depois de 6 horas de espera na fila, porque não estavam deixando ninguém entrar por conta de uma tempestade de areia que rolou o dia todo. Mas a espera acabou sendo legal, pudemos sair do carro, andar um pouco, conhecer gente, ouvir música, aceitar alguns doces de uma senhora que passou distribuindo entre os carros… tivemos o primeiro gostinho do Burning Man.

O dia já estava acabando quando liberaram a entrada, e imagino que tenha sido apenas porque perceberam que a tempestade não ia passar tão cedo.
Entramos em Black Rock City!
Voltamos ao carro, paramos para pegar o ingresso e seguimos em frente. Tudo muito organizado, sempre com pessoas indicando o caminho certo.
Na entrada onde conferem os bilhetes, perguntaram se era nossa primeira vez. Depois da resposta positiva, nos disseram para descer do carro, bater um sino, gritar “I’m not a virgin anymore!” (“Não sou mais virgem!”), como são chamados os que se aventuram por lá pela primeira vez), deitar e rolar na areia.

Agora sim, o Burning Man!
Domingo foi o dia de conhecer o pessoal do camping e trabalhar pesado. Montamos toda a estrutura da cozinha e levantamos o dome, tarefa árdua que deu um trabalhão, mas valeu muito a pena. Foi o momento em que criamos laços com as pessoas com quem dividiríamos nossa casa pelos próximos oito dias.

Em seguida, chegou a hora do nosso primeiro passeio pela cidade que ainda tinha obras de artes sendo construídas, pessoas chegando, acampamentos sendo montados e trailers, estacionados, o clima no ar era animado, eufórico, cheio de expectativas.

Com o passar dos dias, você se acostuma com o lugar, consegue se achar e se sente em casa, envolto de tanta diversidade! E há de tudo: de bebês de colo a senhores de 80 anos, de gente fantasiada a vestida com roupas “normais”, gente meio pelada, gente totalmente pelada e pessoas do mundo todo. Acontecem baladas com todos os tipos de música, shows, acampamentos temáticos, instalações de arte, workshops, cursos, palestras, carros mutantes (em que você pode pegar carona), tenda para fazer sexo, banhos coletivos, centro de reciclagem, pessoas distribuindo comida, café, chá e tudo mais que você puder imaginar.

Ao chegar, ganhamos um mapa e um livrinho com todos os acampamentos e eventos programados. É tanta coisa que é impossível ver tudo, até hoje, quando vejo fotos e vídeos publicados por aí, percebo que não vi várias coisas. É incrível ver tudo aquilo e pensar que ninguém fez nada por dinheiro, mas apenas para contribuir com uma comunidade, para que todos se divertissem.
Dois momentos marcantes para mim no Burning Man
O primeiro aconteceu na quarta-feira à tarde, quando fomos a uma balada de música eletrônica chamada Distrikt. Não curto muito esse tipo de música, mas a vibe estava tão gostosa, as pessoas dançando, curtindo o momento de estar lá, o pôr do sol lindo, um menininho de uns 5 anos dançando todo feliz. Ele foi a personificação daquele momento perfeito para mim.

O segundo momento foi ver o Sol nascer no sábado de manhã depois do dia mais difícil que tive por lá, enfrentando tempestades de areia quase a sexta-feira inteira. Mas o clima limpou à noite, consegui ficar acordada e tudo foi perfeito. Foi, realmente, uma das coisas mais bonitas que vi na vida!
E começa a despedida…
Sábado também foi dia de começarmos a desmontar o acampamento, já à noite, o Man seria queimado. Era engraçado perceber o clima diferente, mudando para nostalgia, a sensação de algo que está para acabar e que vai deixar saudades. Partiríamos domingo cedinho.

Acompanhe esta série especial todas as segundas deste mês e conheça as dicas práticas da Vanessa para você que também quer passar por essa experiência incrível! Você pode assinar o blog para facilitar sua vida e ser avisado assim que publicamos cada um dos nossos posts 😉
Continue lendo a série sobre o Burning Man
- Welcome home: a minha experiência no Burning Man
- Os princípios e os principais eventos do Burning Man
- O começo é o fim é o começo. Até 2016, Burning Man